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Hoje trazemos toda a vibração e potência da obra Iris Garden (2024), da americana Erin Hanson (1981). Suas paisagens se concentram no uso da cor para capturar as emoções do “ar livre”. Erin nomeou seu estilo como Open Impressionism, que une o Impressionismo clássico, o Expressionismo moderno e o plein air. Suas composições são inspiradas nos lugares em que morou e em suas visitas a parques, reservas, vinhedos e fazendas.
Iris Garden é uma composição criada a partir de uma visita à fazenda de plantas Schreiner’s Iris Garden em Woodburn, Oregon, onde vive atualmente. A artista trabalhou a partir de fotos que coletou e construiu sua composição com o foco primário nas irises, flores delicadas e de formas elegantes, também apreciadas por Van Gogh e Monet em suas pinturas.
A cor é central para Hanson; ela a utiliza para criar luz, sombra e forma. Em sua técnica, Hanson desenvolveu suas próprias cores a partir de uma paleta limitada, contrastando com os impressionistas, que usavam tons comerciais prontos. Em Iris Garden, tons exuberantes de roxo, azul e verde se complementam com amarelos, laranjas e vermelhos, criando contraste e equilíbrio visual. Como no impressionismo, a cor é o principal veículo de emoção, atmosfera e visão, capturando um instante no tempo.
Ao usar impasto - pinceladas carregadas de tinta espessa - ela se inspira no Expressionismo. Mas, diferente de outros artistas, ela não trabalha em camadas, exigindo movimentos soltos e precisos, sem sobreposições. De perto, vemos mosaicos de cor; à distância, as flores ganham corpo e brilho na tela.
Em Iris Garden, Hanson não busca precisão fotográfica, mas a essência da cena, criando uma sensação poética de harmonia entre o observador e a paisagem. A ausência de detalhes excessivos e contornos rígidos permite à imaginação do observador completar a cena, transformando a contemplação em uma experiência pessoal.
Agora, nos conte o que achou da obra. Recomendamos que você aprecie a obra com mais detalhes através deste link, para uma experiência mais completa.
Para saber mais sobre a artista, visite o site oficial ou o perfil no Instagram.
📄 Mudando de assunto…
Antes da invenção da fotografia, apenas artistas habilidosos conseguiam criar imagens realistas, muitas vezes carregadas de liberdades poéticas. Essa situação mudou em 1839 com a criação dos dois primeiros processos fotográficos viáveis: o daguerreótipo, de Louis Daguerre, e o processo negativo-positivo, de William Talbot. A fotografia democratizou o acesso à imagem realista, antes restrita a aristocratas, tornando retratos e registros acessíveis.
Contudo, seu status como arte gerou debates. Alguns, como o pintor Paul Delaroche, chegaram a declarar que “a pintura estava morta”, já que as imagens eram produzidas por uma máquina, não pela criatividade humana. Outros, como o pintor Ingres, usaram a fotografia como referência para suas obras.
Assim, a fotografia impactou profundamente a pintura. Movimentos como o pré-rafaelismo e o neoclassicismo exploravam o realismo sublime, mas a popularização das câmeras no final do século XIX fez os artistas questionarem seu papel. Se a fotografia podia reproduzir o realismo com exatidão, qual seria o novo objetivo do artista? Esse questionamento levou muitos a buscarem formas de abstração, rompendo com o realismo visual.
Assim, a fotografia não só trouxe uma nova forma de democratização da imagem, mas também motivou maior diversificação na pintura. Ao mesmo tempo, os fotógrafos começaram a lutar pelo reconhecimento da fotografia como uma forma de arte, argumentando que o controle criativo sobre a imagem permitia expressar uma visão artística.
Segundo Roland Barthes, a verdadeira alma da fotografia está em interpretar a realidade, não em copiá-la. O artista organiza símbolos que são interpretados pelo espectador, enriquecidos por seu próprio repertório.
Desde o movimento pictorialista, que surgiu no final do século XIX, a fotografia passou a ser vista como uma forma de arte. Os pictorialistas reinventaram a fotografia, priorizando a beleza, tonalidade e composição em vez do mero registro preciso da realidade.
Atualmente, termos como “fotografia de autor” e “fotografia de expressão pessoal” são mais adequados para descrever a fotografia criativa. Alguns fotógrafos adotam uma abordagem “expandida”, experimentando e manipulando imagens para subverter os padrões tradicionais e criar algo verdadeiramente artístico.
A subjetividade do fotógrafo e do espectador torna a recepção da fotografia como arte complexa, mas o fato é que, desde seu surgimento, ela transformou a forma como vemos e entendemos a arte.
Aqui estão alguns dos grandes representantes desse gênero artístico:
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Nesta obra de Henry Peach Robinson (1830-1901), percebe-se a influência da pintura clássica como elemento central da composição. Atores foram cuidadosamente posicionados em várias tomadas fotográficas, criando uma cena única e narrativa. Seguindo a estética vitoriana da época, a imagem conta a história de uma jovem que está morrendo lentamente, cercada por familiares que desempenham papéis distintos: o pai, de costas, incapaz de encarar a realidade; a mãe, observadora e submissa; e, possivelmente, a irmã, mais próxima da jovem.
A fotografia não retrata a realidade, mas sim uma criação imaginativa de Robinson, considerada na época como excessivamente mórbida. No entanto, o príncipe Albert adquiriu uma cópia, o que trouxe notoriedade ao trabalho de Robinson.
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Inaugurado em 1902, o edifício Flatiron rapidamente se tornou um dos marcos mais icônicos de Nova York, simbolizando o progresso e a modernidade da cidade. O americano Edward Steichen (1879-1973), um dos grandes pioneiros da fotografia artística, capturou esse emblema da arquitetura moderna com uma técnica inovadora. Utilizando a goma bicromato e sobreimpressão em platina, ele criou uma atmosfera etérea, com tons azul-esverdeados que evocam a sensação de um quadro impressionista.
Nesta fotografia, Steichen emula a estética pictorialista, borrando as fronteiras entre pintura e fotografia. A obra retrata o contraste entre o presente dinâmico e o passado romântico, com o Flatiron emergindo da névoa como uma visão futurista. A sensação de mistério e transcendência faz deste trabalho um ícone da fotografia do início do século XX.
Uma impressão desta fotografia foi leiloada na Christie’s em 2022 por 11,8 milhões de dólares, refletindo seu valor histórico e estético como uma das obras mais importantes da carreira de Steichen e da fotografia como arte.
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Nesta icônica fotografia, o artista americano Man Ray (1890-1976) retrata sua musa, Kiki de Montparnasse, transformando seu corpo em um violino, em uma referência direta ao pintor neoclássico Jean-Auguste-Dominique Ingres. A obra é inspirada na pintura Baigneuse de Valpinçon (1808), onde uma mulher é vista de costas. Man Ray acrescenta à fotografia dois buracos em forma de "f", semelhantes aos de um violino, sobre as costas nuas de Kiki, criando uma fusão entre corpo humano e instrumento musical.
O título, Le Violon d’Ingres (O violino de Ingres) é uma referência ao fato de que Ingres tocava violino em suas horas de lazer. Com isso, Man Ray conecta a imagem não apenas ao mestre neoclássico, mas também à ideia de que a arte pode ser tanto uma atividade séria quanto uma forma de entretenimento e prazer pessoal.
Essa fotografia é um exemplo clássico do surrealismo de Man Ray, misturando ironia, erotismo e experimentação visual. Ele subverte as expectativas de representação feminina e da arte tradicional, criando uma obra que desestabiliza as fronteiras entre corpo humano e objetos inanimados, além de explorar a relação entre a alta cultura e o prazer pessoal.
Em 2022, uma impressão desta obra foi vendida por 12,4 milhões de dólares, tornando-se a fotografia mais cara já leiloada, o que reforça seu impacto cultural e sua importância histórica. Le Violon d’Ingres se destaca como uma das imagens mais reconhecíveis de Man Ray, sintetizando suas explorações vanguardistas e sua habilidade em mesclar o surrealismo com profundas referências culturais.
👀 Arte em Pauta
O Museu Noguchi, em NYC, está celebrando seu 40º aniversário com exposição de esculturas que não eram expostas em suas galerias originais desde 2009. A exposição vai até 14 de setembro de 2025.
E em celebração aos 35 anos do CCBB-RJ, entrou em cartaz a exposição Fullgás com mais de 300 obras de artistas brasileiros.
O Museu Nacional de Brasília inaugura a exposição “Brasília, a arte do planalto” com mais de 250 obras, criadas por 128 artistas, desde os ligados à construção da cidade até contemporâneos que também guardam relação com a capital.
Está em cartaz no Centro Britânico, em São Paulo, a exposição Inspirações da Vida, em prol da ONG Vida Casa de Apoio.
Essa matéria fala sobre o aumento da diversidade no mercado de arte no Brasil, a partir de um olhar sobre a ArtRio.
Impressionante demais essas fotografias, ainda mais sabendo que foram feitas mais de cem anos atrás..
E que coisa linda conhecer essas flores da Hanson 🥰🌻