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Hoje, apresentamos algumas obras da série floral de CJ Hendry (1988), uma artista hiper-realista nascida na África do Sul e criada na Austrália, que desde 2015 vive em Nova York. Sem educação formal em artes, Hendry começou sua carreira como um hobby e tornou-se uma estrela independente no Instagram e TikTok. Ela compartilha seus desenhos e vídeos do processo criativo com uma audiência crescente. Sua primeira exposição individual ocorreu em 2016 no Soho, em Nova York, e desde então realiza exposições anuais. Em 2017, colaborou com a Christian Louboutin e exibiu a série Complimentary Colors na Art Basel, em Hong Kong. Recentemente, anunciou a exposição Flower Market, que acontecerá de 13 a 15 de setembro deste ano, na Roosevelt Island, em Nova York.
Os temas explorados por CJ são variados, indo de objetos de luxo a marcas de tinta e personagens infantis. Ela afirmou várias vezes que nunca pintaria flores - e zomba disso neste vídeo no Instagram -, mas ainda bem que ideias mudam e hoje podemos apreciar a série floral, composta por peônias, papoulas e rosas em tamanhos maiores que o natural e com detalhes tão minuciosos e hiper-realistas que parecem saltar do quadro. Para alcançar essa precisão, Hendry fotografa os objetos em altíssima resolução e imprime grandes seções da imagem. Ela utiliza essas fotografias para reproduzir os detalhes com exatidão de cores e traços utilizando lápis de cor. Essa ampliação permite que detalhes mais discretos tornem-se muito visíveis, aguçando a curiosidade do observador. É um trabalho que nos revela a beleza (às vezes oculta) de objetos cotidianos, elevando o ordinário ao extraordinário.
O hiper-realismo de Hendry é apreciado pelo público em geral, mas às vezes é criticado por especialistas por utilizar temas e ícones facilmente reconhecíveis, semelhante à Pop Art. Em entrevista à Artnet, Hendry afirmou que sua arte exalta a beleza dos objetos sem qualquer ativismo ou crítica, sendo suas intervenções puramente estéticas.
E vocês, são do grupo que aprecia o hiper-realismo de CJ Hendry ou do grupo que acha banal e prefere outro tipo de arte? Conte nos comentários!
Conhecer outros desenhos de CJ Hendry, viste o site oficial ou perfil dela no Instagram.
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📄 Mudando de assunto…
Em 21 de junho, celebramos o dia mundial da selfie. Hoje, por definição, a selfie é uma fotografia que tiramos de nós mesmos, geralmente para ser publicada em redes sociais, ser compartilhada. Acredita-se que a primeira selfie foi tirada pelo fotógrafo Robert Cornelius com um daguerreótipo em 1839.
Na arte, o autorretrato, ou a “selfie artística” é quando um artista cria ou pinta a si mesmo. Ao longo da história da arte, os artistas tiveram motivações semelhantes às que temos hoje para tirar selfies: retratar o que temos de melhor, expressar emoções e mostrar aspectos de nossa personalidade.
Os autorretratos na arte não apenas serviam como registros pessoais, mas também continham um forte conteúdo autobiográfico. Eles eram utilizados para autopromoção, funcionando como uma espécie de propaganda das habilidades artísticas dos pintores, o que era crucial para atrair colecionadores e patronos.
Assim, tanto selfies e autorretratos nada mais são que a prática de capturar a própria imagem como uma forma de comunicação e expressão pessoal e autopromoção. Em celebração da data, dividimos com vocês algumas icônicas selfies que entraram para história da arte.
Autorretrato com Casaco de Pele (1500) - Albrecht Dürer
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Albrecht Dürer (1471-1528) era apaixonado por autorretratos e, na primeira metade de sua vida, produziu uma série deles. O mais antigo data de 1484, quando ele tinha apenas 13 anos. Em sua obra Autorretrato com Casaco de Pele, Dürer, aos 28 anos, se retrata usando um luxuoso casaco de pele e e ícones que evocam Jesus Cristo, como os cabelos longos e cacheados e uma mão levantada sobre o peito, como se estivesse abençoando.
Para garantir reconhecimento, Dürer estrategicamente colocou sua assinatura na altura dos olhos do observador, com seu monograma AD e a inscrição em latim: "Eu, Albrecht Dürer de Nuremberg, me retratei em cores eternas aos 28 anos". Acima do monograma, o ano 1500 é inscrito, adicionando um duplo significado à assinatura. Em latim, "AD" significa "Anno Domini" (Ano do Senhor), criando uma conexão ainda mais forte entre Dürer e Cristo.
Pequeno Baco Doente (1595) - Caravaggio
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Pequeno Baco Doente (1595) é um autorretrato de Caravaggio (1571-1610), no qual o artista se representa como Baco, o deus grego do vinho, da embriaguez, dos excessos – especialmente sexuais – e da natureza. Em sua honra, realizavam-se grandes festivais e bacanais, marcados por vinho e orgias. Na mitologia, Baco é frequentemente retratado como um belo jovem de corpo viril, segurando cachos de uva e uma taça de vinho, com uma coroa de hera ou videira sobre a cabeça.
A escolha de Caravaggio de se retratar como Baco é bastante apropriada, considerando seu conhecido gosto pelo álcool e pelas festas. Contudo, esse Baco está um pouco diferente: embora exiba um corpo músculo, ele possui a pele amarelada, a aparência abatida, e um olhar perdido. Essa contradição se deve ao fato de que, na época em que a obra foi pintada, Caravaggio estava se recuperando de uma doença; historiadores acreditam que era malária. Assim, ele se autorretrata transmitindo uma mensagem de que, embora esteja debilitado e vulnerável, o Baco que existe nele, festivo e forte, permanece presente. O autorretrato então vai além da aparência física e e oferece ao observador uma visão profunda e pessoal de sua condição.
Autorretrato em um Chapéu de Palha (1782) - Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun
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Élisabeth-Louise Vigeé Le Brun (1755-1842) é amplamente conhecida por seus ousados autorretratos. Este em particular faz parte dos estudos da artista sobre os mestres flamengos. Em 1782, durante uma viagem a Holanda e Bélgica, teve a oportunidade de ver a obra "Susanna Lunden com um Chapéu de Palha", de Peter Paul Rubens. Impressionada pelos efeitos de luz dessa pintura, ela decidiu criar seu próprio retrato utilizando técnicas semelhantes.
Ela então desenvolve um autorretrato com seus olhos sombreando sob o chapéu, direcionando o olhar do observador para o pescoço iluminado, que segue até seu decote e seus seios. Ela se apresenta ao ar livre, contra um céu com nuvens calmamente em movimento, contrastando com a composição multicolorida de sua própria figura, exibindo uma atitude de completa personalidade e emancipação.
Vigeé Le Brun se mostra como uma jovem encantadora, fora dos padrões de vestimenta da época. Ela não usa espartilho nem peruca, e seu rosto e cabelo não estão empoados. Seu vestido é simples e sem adornos, e ela usa apenas brincos e um chapéu de palha decorado com flores e penas de avestruz, considerado um acessório artístico em seu tempo. A presença de paletas e pincéis indica sua profissão, algo excepcional para mulheres naquela época.
A artista olha para o observador com confiança e destemor, exibindo um meio sorriso e revelando os dentes, um gesto extremamente raro nas pinturas de sua época. Este autorretrato não só demonstra sua habilidade técnica e influência dos mestres flamengos, mas também sua ousadia e independência como artista e mulher do século XVIII.
O Desesperado (1843) - Gustave Courbet
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O desespero nos alcança pelo poder desta imagem. Gustave Courbet (1819-1877) cria essa obra entre 1843 e 1845 e é um testemunho de sua capacidade de capturar não apenas a aparência externa, mas também o estado psicológico. É uma exploração profunda da vulnerabilidade humana, exibindo uma franqueza emocional que era incomum na arte do século XIX. Reflete a sua própria filosofia artística, que rejeitava o idealismo acadêmico e buscava retratar a realidade em toda sua complexidade.
Na obra, ele se mostra como um homem em momento de extrema angústia, capturando a essência humana e oferecendo um vislumbre de nossos momentos mais vulneráveis. Seu olhar arregalado, quase selvagem, parece buscar algo indefinido no observador. O cabelo desordenado, enquanto ambas as mãos seguram sua cabeça mostram desespero, terror e impotência. A iluminação dramática realça ainda mais a emoção da cena. A luz incide sobre o rosto e as mãos, criando um forte contraste de sombras ao redor. O fundo escuro coloca o foco total no rosto do artista. Sua roupa também dá sinais de turbulência: a camisa branca está desalinhada e aberta no peito. Não há adornos e nada que nos distraia na cena, colocando o espectador como testemunha apenas deste sentimento tão intenso.
👀 Arte em Pauta
Essa semana, o Vaticano lançou o livro Contemporânea 50: A Coleção de Arte Moderna e Contemporânea dos Museus Vaticanos 1973-2023.
Gosta de plantas e bichinhos? Então veja a exposição O Jardim, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba-PR.
A artista carioca Tadáskía está em cartaz com a exposição Projects: Tadáskía, no MoMA, NYC.
Obra do renascentista Ticiano encontrada em ponto de ônibus vai a leilão em Londres.
Na última sexta-feira, em Mougins, França, foi inaugurado o FAMM - Famale Artists of the Mougins Museum, que expõe obras de arte criadas por mulheres.
Tudo bem que eu certamente me encaixo no “público geral”, mas para mim essas flores são o contrário de banal. Achei belíssimo e muito impressionante!
adorei a sugestao de plantas e bichinhos no MON e vou carregar meu pequeno para lá hoje mesmo! obrigada. Quanto as flores, meu Deus que obras lindas. Os auto-retratos: acho uma coisa meio Dorian Gray, sinistro, macabro, um desejo de seu autor em parar ali no tempo.